sábado, 26 de dezembro de 2015

DIÁLOGO COM OS SEIXOS






Já da idade, sinto frio.
Os pés gelados,
Dos saltos que dou
De margem em margem,
Falhando o firme e,
Saboreando as águas.
Será da idade sentir mais.
Será banal cair mais vezes.
É no chão que vejo tudo
O que me rodeia,
Em cima e em baixo.
A vontade de ficar,
Cheirar a relva,
Olhar o Sol que me cega
Com toda a fragilidade.
O som do riacho
Tem palavras escondidas.
À tona de água,
Na corrente,
No estuário.
Os seixos estão vivos,
Testemunhas do meu e
De todos os passados.
E falam. Ó Deus se falam.
Basta ficar debruçado,
Em silencio
Com a mente aberta;
Olhar a refração dos sólidos,
Os toques da mosquitada
Que gera ondas e círculos
Nano proporcionais
Ao som que ouço
Com os olhos fechados.
O dialeto das pedras
É directo, sem redomas
Mas acho, que só eu as ouço.
Estórias que fluem e,
É pena. Tenho pena
Que só eu as ouça.
Vocês, acreditem
Não sabem, nem imaginam
As estórias que perdem.




26DEZEMBRO2015


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