sábado, 6 de dezembro de 2014

AMAR NINGUÉM !




Aprendi que as flores são tímidas.
Como os muros que me abraçam,
apesar da ilusão da sua inércia.
A vida existe em tudo. Aprendi isso.
Mesmo transformando a realidade,
com estes rasgos de poesia pobre,
sinto a matéria simples e incorporada.
O beijo do vidro, que separa
a ilusão da inexistência, o toque,
a fronteira invisível do meu mundo.
Do nosso mundo, de um planeta
individualizado no meu mundo,
em vários (meus) mundos, secundários,
paralelos, imaginários e eficientes.
Os sentidos práticos do corpo humano,
sensores de tanta diversidade, inatos,
sincronizados com a percepção da diferença,
pela vontade do desagrado e do deleite.
Quando sinto, já é passado. Já foi presente.
É impossível alterar qualquer resultado!
Com força de vontade. Com perseverança.
Com objectivos, sem orgulhos, apenas porque sim.
Quero sentir as coisas imóveis, inodoras ou irrelevantes,
improvisar o sentimento, de dentro para fora.
O corpo imaterial, condicionado a um envólucro,
é tudo o que sinto, sem sentir o tacto, a visão,
o cheiro. O que me altera o sistema nervoso,
é o algo estranho, o não sei o quê, a alma,
o pensamento, o tormento, a alegria,
a felicidade, o amor, tudo, tudo, tudo!
É assim que me admiro, amando a natureza.
O que parece simples, o que é fácil de tocar,
de cheirar, de tactear. E um beijo...
Dois pares de lábios que provocam
um vulcão de sensações internas,
estranhas, medonhas, fantásticas.
Tudo, tudo, tudo o que não vejo,
Mas sinto dentro de mim. E o amor...
A sensação mais maravilhosa
com toda a sua tortura.
A dor que não se sente, que doi.
Tanto, tanto, tanto!
As "elas" que foram e que são.
Que recuso, mesmo sendo.
Só posso amar o sangue, o sangue do meu sangue,
sem ser infectado por essa dor imunda,
penosamente maravilhosa. Só o sangue!
Não quero amar. Ninguém!
Chega-me o futuro.
Apaguem o ontem, levem o hoje.
Venha o amanha urgentemente!


06DEZEMBRO2014

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