sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

JOHN MARTIN




Se soubesses como me sinto.
Estive a ver uma das telas de John Martin,
Fala-me do poder do fogo, do apocalipse.
Tinha acabado de trazer comigo uma cadeira.
Preciso de tempo para degustar.
Quando ele pinta, reduz o humano à insignificância.
Senti-me envolvido pelo magma de um vulcão,
só a morte me poderá abraçar assim.
Por estranho que pareça, o calor apesar de insuportável,
tem um não sei quê de agradável e magnético.
Há sempre uma cidade paradisíaca num qualquer ponto.
Talvez a casa onde os sonhos convergem,
ou mesmo o único local de refúgio à morte.
Todo o horizonte, tudo converge no poder do fogo.
Já pensei que John tenha imaginado um Inferno ameno,
ou talvez um paraíso muito pior que o imaginado.
Aqui parado em frente à obra, arrepio-me.
Tenho uma vontade incrível de me tornar cinza,
de me moldar em óleo e pigmentos vermelhos,
para me misturar no infinito da criatividade.
Quando vejo obras deste calibre, sinto-me a pouco.
Apesar de tudo, não me reduzo a nada
pelo simples privilégio de viver a sensação
e sonhar como sonho assim acordado.
Há um desejo que me encanta neste sonho
pela realidade que me força a acreditar na arte.
Se soubesses como me sinto,
deixavas-me fazer parte da tua criação.


03JANEIRO2014

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