quinta-feira, 15 de agosto de 2013

A CURA DO DESASSOSSEGO




A experiência do desassossego,
Tem um dom inigualável. Uma dor.
Uma dor apetecível, se é que isso existe.
Sem exagero, gosto da loucura.
A pequena loucura das coisas,
A minha própria, em particular,
Além da lucidez institucionalizada.
Deixem de ser lúcidos e responsáveis,
Provem algo diferente na vossa vida.
Apenas uma vez, como cura.
Optem pela loucura por um dia.
Sejam loucos, absolutamente loucos.
Por vergonha se ainda a  houver,
Isolem-se do mundo que vos retrai.
Isolem-se, mas não se escondam!
Gritem, gritem como loucos,
Gritem, digam palavrões e guinchem.
Fechem os olhos e rodem, rodem...
Rodopiem em círculos à vossa volta.
Percam o equilíbrio, duas vezes.
Todas as vezes que sintam um vazio,
O chão vai fugir, ides cair no vácuo.
Transformem o corpo, ondulem,
Sintam a ausência do esqueleto.
Sintam o corpo sem estrutura.
Rodem, rodem, rodem até cair.
Só assim consigo lidar comigo.
Tantas e tantas vezes, que o escondo.
Mas para quê? Esconder o quê?
Esconder-me de quem? Nada!!!
Ser portador de loucura, é bom! Faz bem!
Reconheço nisso, uma dádiva própria.
Um poder que me alimenta a sobriedade.
Nada me sabe melhor que isto,
A não ser sexo, claro. Experimentem!
Percam o tino por um dia, fechados,
Num quarto, numa praia, no fim do mundo.
No fim do vosso próprio mundo.
Provem o desassossego!
Vão gostar!

15AGOSTO2013

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