quarta-feira, 5 de junho de 2013

SOBREMESA




Apetece-me a sobremesa...
Depois da fartura de qualquer coisa.
Mais um pouco de sei la eu o que?!
Sobremesa... Talvez a conclusao.
Doce, ou mais certo ainda, acre e doce.
O doce da irrealidade. Estou farto...
Estou farto de esperar.
Estou farto de ser a sobremesa.
As sobras, comem-nas os porcos... e os caes.
Nao sou nem uma coisa nem outra.
Mas sou um parvo, um palhaco da ilusao.
Tenho um circo que vou gerindo desde crianca.
Imagino que estou no topo do mundo.
Imagino que afinal, tudo esta na zona certa.
Meu Deus, que grandessissimo palhaco eu sou.
Estou aqui sim, para os restos do tempo.
Os despojos e vontades que surjam.
Apetece-me falar com o ancestral.
Aprender como se usam as fibras,
os redeas e cordas que se enrolam,
e pendura-las a cabeca, e cair... sim!
E cair, e deixar-me espernear na ponta.
Dizer que se foda a vida do corpo,
e dos que fingem que a dor nao existe!
Serei eu manjar dos Deuses?
Coitados, que indigestao intensa.
Nao sou nada, nem ninguem...
Muito menos escolha de alguem.
Apenas a sobremesa, o restolho
que todos dizem e acham bonito dizer,
"a vida continua"... Puta que pariu!
Apetece-me a sobremesa.
E a sobremesa sou Eu.


05 JUNHO 2013

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