segunda-feira, 25 de março de 2013

CADÊNCIA DO TEMPO



Penso em simetria com a chuva.
As gotas são imagens melancólicas,
numa cadência demasiado certa.
O racíocinio entra em colapso.
Tão estranha esta sensação,
que me atrai pela imprevisibilidade.
É isso mesmo. A conta gotas.
A cadência, deixa-me espectante
pelo momento de ruptura e calma.
Mas, se bem que o pareça,
este encadiamento de sensações,
deixa-me furioso e inadaptado.
Tudo isto me torna em antitese,
sem saber sequer o conceito.
Um turbilhar de palavras,
sem consequência nem sequência.
Apenas a simetria do som.
Gota após gota, um "plim" rotineiro,
angustiante, que me desespera.
Se dormisse agora, teria pesadelos.
Mas surpresa das surpresas,
no meio deste desabafo disfarçado,
acho fantástica a cadência da chuva.
Nem eu me entendo bem!
Uma calma induzida simétricamente,
entre a vontade real é imaginária.
A hipnose da natureza previsível.
A calma inexistente do meu Ego,
enorme como o intento de felicidade.
O "plim", "plim", que não termina.
Nunca nada termina na minha cabeça.
Ecoa como um regular do tempo.
Tal e qual a cadência mecânica de
um relogio, sons imaginários.
Podem ser d'água, podem ser d'areia.
As gotas, inodoras, sem sabor,
têm peso na minha existência.
Na nossa existência, por sinal.
Desconto a consciência e,
espalho as minhas sobras no Universo.
Concentrado. Mesmo que não chova,
adaptando o invólucro da alma.
Absolutamente inconformada
com qualquer cadência da vida.
Mecânica, quase previsível.
Um Purgatório constante, apenas isso.
Por consequência, penso em demasia.
Mais valia ficar aqui, como agora,
a olhar a chuva escorrer na janela,
ver os outros lutar com ela,
ouvir passar os segundos da vida.
Galgar o tempo. Uma a uma,
gota por gota, nesta cadência
monótona e enfadonha.
É bom um dia de chuva!

25 MARCO 2013

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