terça-feira, 1 de janeiro de 2013

FOGO E UM COPO DE VINHO



Hoje sinto um crepitar seco na pele.
Sao fagulhas humidas de um fogo lento,
lesto de calor ausente, senao conforto.
Saltam brazas limitadas ao peso da cinza.
Um fogo que nao morre, ilumina a chama.
Gritaria desenfreada de sombras quentes,
adormecem na alegria da contemplacao.
Sabe como mimos de pele o som do fogo.
Junta-se o frio e a saudade, a receita certa.
Falta o vinho... Tinto e aberto, frutado
pequenos brilhos de contraluz encorpado.
As pedras da lareira, sao eternas, caladas.
O tijolo burro estala no gozo do inferno.
Ficamos nos, gozando este preludio.
Preliminar lento mas atento na Soberba,
na prova que me tenta a tua pele quente.
O desfolhar dos trapos dao-me o tesao,
que um golo suave  me aquece o sangue.
Um engulir suave, que o som dos fluidos
separa dos corpos, como o vinho do copo.
Basta um pouco de cada vez, trago por trago,
gota por gota, o resvalar dos labios humidos,
nos regatos de nascentes insaciaveis.
A pele secando ao sabor do fogo lento,
o conforto torna-se compassado e lesto,
as fagulhas ja ardem, ate ao jorrar do vinho.
O manjar dos Deuses passou aqui, por nos
onde o fogo nao arde, mas o prazer queima.
Os mimos das fagulhas ja pardas, vagueiam
e anseiam pelo prolongar suave da cinza,
que nos cobre como veludo, onde as maos
espalham a sujidade purificada da luxuria.
Um novo dialeto nasce deste gemido.
Silabas estranhas aumentam tremulos os sons,
desenfreadas ao auge, em fogo que nao queima.
Fica o vinho, a sede de mais uma lareira.
A Soberba da carne, alimentou-nos os corpos
pelos orgasmos que as almas beberam.
Hoje senti um crepitar seco na pele.

01 JANEIRO 2013
  

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