quarta-feira, 14 de novembro de 2012

SE HOUVER LUA



Quero ouvir o adormecer dos movimentos.
Sentir o cansaço de repetições previsíveis,
as intermináveis noites, iluminadas de sombras.
Tão previsíveis, como eu gostava de o não ser.

Toda esta antecipação faz-me adivinhar,
como funciona o meu engano, o fabrico de nuances
que a harmonia me oferece. A frieza sombria.
Tudo me faz optar obrigatoriamente pelo belo.

Pela indispensável fúria dos elementos.

Pelo bailado dos corpos.

Atrai-me imaginar o outro lado do horizonte,
Só assim a criatividade como a conheço,
valoriza indisfarçavelmente a minha satisfação.
Só assim admiro a beleza.

E sinto este lado dos antípodas.

E cheiro o luar.

Tenho este fascínio pela noite.
Um mistério pouco sombrio,
cheio de sombras, de todas as sombras,
que se misturam ao breu da madrugada.

E camuflado fica esforço algum.

E o movimento em rigidez profunda.
A Beleza de uma estátua.
Sentir a inércia tão segura.

Se houver Lua, tudo o que disse muda de figura.
Se houver Lua, o encanto movimenta as sombras.
O inerte cria vida, as sombras ficam irrequietas
num trote estranho. Girando, se houver Lua.

Se a previsibilidade da vida for como a sombra,
será sempre diferente, todos os dias.

Haverá luar,
se houver Lua.

14 NOVEMBRO 2012

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