domingo, 7 de outubro de 2012

A SEIVA DOS POETAS



Sangrar a seiva dos poetas.
Perder sangue, como folhas de Outono.
Sangrar o que penso, sem a paz
que me cura. O garrote falha.
Jorro compulsivo e incontrolado.
Descubro a força e prazer do derrame.
Se sangro palavras,
sangro a cura e a doença.
As gotas são letras, que saltam,
incontroladas, que me distraem
que a pele absorve, como papel.
Criar palavras de sangue, sem dor
por uma vontade inexplicável,
é quase impossível de suster.
E escrevo. Escrevo-as.
Escrevo mal mas escrevo.
Sangrei e sangro a seiva dos poetas.
Não enfraqueço. Ofereço a vida,
Que o meu sangue egoísta liberta.
Escrever é no meu corpo,
A alma das folhas vivas,
A paixão e a beleza das cores.
A alma, não é razão desta seiva.
Todo o sangue que sangro, é amor.
Quero sangrar sem matança,
Para que o sangue se não perca.
Quero usá-lo, sem sacrifícios.
Tenho as veias cheias de tinta.
É esta a minha essência de vida.
Sangro a voz muda da tinta,
Grito a nudez da simplicidade.
Só o som das palavras.
Ensurdecer os vivos, é escrever,
Só as palavras têm o dom arrepiante,
De quem toca uma pele lânguida.
Sustentar a leitura, a escrita,
A cada letra, a cada palavra, é isto.
Sangrei, sangro e, irei sangrar,
Sangrar a cura e a doença.
A humilde seiva dos poetas,
São palavras.
Apenas e só, palavras.

07 OUTUBRO 2012

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