quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

ALMA FERTIL


Sinto sol na face.
Em afagos quentes.
Deitado na relva,
envolvido em cheiros.
Aquecem o corpo,
em sangue temperado,
em especiarias do jardim.
O chilrear de dois passaros,
envoltos em voos alegres,
e pequenos saltos.
O dia toca-me suave.
Os murmurios das plantas,
comentam a minha presenca,
talvez inconveniente.
Ignoro... finjo nao ouvir.
Fecho os olhos,
respiro o calor da pele,
que eroticamente me aquece,
sozinho.
Sem saber porque,
sinto algo que me envolve,
uma luxuria solitaria,
sem saber de onde chega.
Que me invade.
Espasmos preguicosos,
solto sem conseguir controlar,
alongar de extremidades,
um prazer imenso que nao entendo.
Estou acordado,
nao sonho ainda,
mas sinto que sim.
Os girassois viram-se,
sentem-me quente...
Chamam as flores,
fingem nao perceber,
o que me vai na mente.
Os sussurros aumentam,
um mundo diferente sopra,
nao sei se alucino,
se estou doente...
mas sem revolta.
Talvez sejam os meus sentidos!?
Os cheiros misturam-se,
tocam-me fios de seda,
que me envolvem,
por liliputianas formigas.
Sentem o mel que o meu corpo tem,
o doce que se torna minha saliva,
ao imaginar o que me convem,
uma mulher nua,
me abraca e acaricia,
em imagem viva.
Vestido na relva assim fico,
ja de olhos abertos, mantenho o sonho,
um beijo longo de desejo
o querer ficar aqui para sempre.
O jardim da minha alma e fertil,
planta canteiros lindos de cores,
os cheiros sao meus,
os toques imensos.

Nao quero sair daqui.


18 janeiro 2012


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